22 de ago. de 2010

PROSA SADIA...

Estava eu numa situação muito gostosa quando alguém me disse: "é que antes a sua prosa era mais sadia."
Na hora que ouvi isso, meu coração começou a querer se entristecer. Fato é que "seu" ninguém quer desagradar alguém por quem temos algum anelo. Daí eu me calei. Como não? Quando aceitamos que determinada pessoa continue frequentando nossa vida, não é por outro motivo, senão pela reciprocidade,identificação,afinidades e por aí vai... A interação continua existindo porque, de algum modo, essa presença nos supre. Com aqueles que não é assim, não há porque mantê-los por perto. Estou errada?

Mas daí, freei meu coração. "Para aí meu" disse eu a ele. Ele parou e me olhou assustado. Deve ser porque geralmente eu o deixava sofrer um bom bocado antes de tomar alguma atitude. E o coloquei para refletir sobre essas palavras, nada sadias por sinal.

Uma vez, não lembro quando, eu e meu pai conversavamos sobre coisas da vida mesmo. Frustrações, expectativas... Papai me disse em um determinado momento:"minha filha, o que mais mata relacionamentos são as palavras mal empregadas, mal ditas. É preciso tomar cuidado com o que se fala." E por minha própria conta acrescento: "é muito importante filtrar o que se houve também." Mas viver filtrando é uma cansera só gente.

Eu sei que sou uma "persona" mui grata, cujo convívio é delicioso. Carinhosa, amiga, companheira, engraçada, muito legal, solidária, dedicada, solicita, criativa, divertida, amorosa, inteligente, verdadeira, leal, transparente... a lista dos meus adjetivos é extensa e não vai caber tudo aqui. Mas continuando, claro que tenho muitos defeitos também. Mas como sou única ( aliás como todo mundo), até meus defeitos realçam quem sou de fato. Não sou nada modesta em reconhecer meus atributos, por isso mesmo sei que minha PROSA É MUITO SADIA. Até quando to 'pagando um sapo' pra alguém, é sadio ( muito embora ninguém aprecie levar sapos) porque quando pago um sapo é por carinho e zê-lo com quem ta levando.

Daí fui pensar na pessoa em questão. Comecei a analisar o que poderia estar gerando nela esta interpretação em nossos diálogos. A criatura tem toda a minha admiração, muito da minha atenção e um tipo de carinho que poucos receberam ou receberão de mim. Se não anda gostando do que falo certamente deveria rever os próprios conceitos e não questionar os meus. Meu discurso mudou? Sim. Minha postura também. E acredito que seja assim com todos aqueles que não estão recebendo uma resposta, incentivo ou motivação adequados.

Devemos sim e com muita dedicação e cuidado lapidar aqueles de quem gostamos. E lapidar não significa apenas pressionar, criticar, questionar. É preciso corresponder também.

Porque eu quis trazer isso aqui? Pra me expor ou ao outro? De modo nenhum. Quis compartilhar porque acredito que pela mesma situação outros tantos tem passado. E o sentimento que geralmente brota dentro da gente numa situação como esta é: "Poxa, estou sendo desagradável" e então inicia-se aí uma saga em busca de uma renovação interior que gerará grande desgaste e muita tristeza pra vida do caçador de mudança. Um desgaste nada produtivo porque não há sensação pior que iniciar uma busca pelo sentimento de culpa. A força necessária pra este empreendimento, simplismente não vem. E a gente ainda fica suspenso, esperando ser trocado, descartado, abandonado há qualquer momento, antes que a obra seja concluida. O que torna tudo ainda mais cansativo e estressante.

Meu sincero e humilde conselho: Se andas considerando a prosa de alguém que frequenta tua vida 'NADA SADIA' reveja tuas ações para com ela pois podes ser tu o agente produtor de conversa cansativas e nada produtivos. Mensure tua responsabilidade sobre o caso pois diálogos quer dizer que há mais de uma pessoa envolvida no assunto. E relacionamento é uma via de duas( não três, nem quatro e muito menos de uma), DUAS MÃOS.

Agora, se você esta na outra posição e andam questionando sobre tua prosa, qual seria a melhor atitude a tomar?
Me diga!